Para reforçar a caracterização do “menino diabo” atribuída ao narrador, é utilizado principalmente o seguinte
Instrução: As questões de 15 a 17 tomam por base o fragmento.
(...) Um poeta dizia que o menino é o pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns lineamentos do menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, – algumas vezes gemendo – mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um – “ai, nhonhô!” – ao que eu retorquia: “Cala a boca, besta!” – Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalidade: em particular dava-me beijos.
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a esconder-lhes os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se não passei o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.
(Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.)
UNIFESP 2011 - QUESTÃO 17
Para reforçar a caracterização do “menino diabo” atribuída ao narrador, é utilizado principalmente o seguinte recurso estilístico:
(A) amplo uso de metáforas que se reportam aos comportamentos negativos do menino.
(B) seleção lexical que emprega muitos vocábulos raros à época, particularmente os adjetivos.
(C) recurso frequente ao discurso direto para exemplificar as traquinagens do garoto.
(D) utilização recorrente de orações coordenadas sindéticas aditivas.
(E) emprego significativo de orações subordinadas adjetivas restritivas.
QUESTÃO ANTERIOR:
GABARITO:
(D) utilização recorrente de orações coordenadas sindéticas aditivas.
RESOLUÇÃO:
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