Leia o trecho da a seguir feita com o linguista Marcos Bagno, conduzida pela revista Discutindo a Língua Portuguesa, para responder às quest...
Leia o trecho da a seguir feita com o linguista Marcos Bagno, conduzida pela revista Discutindo a Língua Portuguesa, para responder às questões 46 e 47.
“DLP – Pode-se afirmar que a língua portuguesa é um instrumento de exclusão social?
MB – Não. A língua portuguesa assim, com artigo definido e no singular, não exclui ninguém. Talvez só os brasileiros falantes de línguas indígenas e de outras que não têm o português como língua materna. Ela [a língua portuguesa] é o elemento mais importante da identidade nacional da imensa maioria dos brasileiros. A exclusão social é provocada pela identificação dessa “língua portuguesa” com um modelo muito restrito de língua, uma idealização e deologização da escrita literária de um punhado de escritos selecionados a dedo por meia dúzia de gramáticos. Quando o aluno chega na escola (“na escola”, porque na gramática do português brasileiro as pessoas chegam “em” algum lugar), se vê confrontado com uma coisa chamada “português” que não corresponde em nada à sua intuição lingüística, nem mesmo ele sendo oriundo das classes médias urbanas. Ali ele vai descobrir que é preciso dizer “chegar à escola”, ou que vendem-se casas (como se as casas pudessem vender a si mesmas!) e outras regras que compõem um modelo antiquado de português correto, que não corresponde sequer à prática dos nossos melhores escritores dos últimos cem anos ou mais. O que exclui é querer convencer alguém que é errado dizer “eu custo a crer”, quando isso aparece em textos de José de Alencar (que morreu em 1877!) ou que é preciso “imitar os clássicos”, mas que, ao mesmo tempo, é errado usar, como Machado de Assis usou, o advérbio “meia” no feminino (“Filomena era meia sem-graça”), como se faz na língua há mais de mil anos!”
Revista Discutindo a Língua Portugua [especial]. Ano 01, no. 01, p. 28.
UFGD 2009 - QUESTÃO 46
Assinale a proposição correta
(A) Depreende-se do texto que o ponto de vista defendido pelo entrevistado é o de que cabe aos gramáticos eleger o modelo de língua portuguesa que servirá como instrumento de inclusão social.
(B) Marcos Bagno acredita que o papel da escola é ensinar um modelo de português baseado na escrita literária de autores brasileiros, pois só assim a nossa identidade nacional será mantida.
(C) A intuição linguística dos falantes é condizente com a gramática tradicionalmente ensinada nas escolas.
(D) É possível inferir, a partir da entrevista, que a exclusão social é alimentada por uma visão que tenta reduzir a heterogeneidade do português a um padrão idealizado.
(E) O entrevistado mostra, no decorrer de sua resposta, a relação direta que há entre as regras da gramática normativa e os usos linguísticos de escritores brasileiros renomados.
QUESTÃO ANTERIOR:
GABARITO:
(D) É possível inferir, a partir da entrevista, que a exclusão social é alimentada por uma visão que tenta reduzir a heterogeneidade do português a um padrão idealizado.
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