No texto, a personagem que diz pôr a mão no fogo por outra – no caso, a Luzia-Homem – foi
Leia atentamente o texto a seguir e responda às questões de 07 a 10.
Em plena florescência de mocidade e saúde, a extraordinária mulher, que tanto impressionara o francês Paul, encobria os músculos de aço sob as formas esbeltas e graciosas das morenas moças do sertão. Trazia a cabeça sempre velada por um manto de algodãozinho, cujas curelas prendia aos alvos dentes, como se, por um requinte de casquilhice, cuidasse com meticuloso interesse de preservar o rosto dos raios do sol e da poeira corrosiva, a evolar em nuvens espessas do solo adusto, donde ao tênue borrifo de chuvas fecundantes, surgiam, por encanto, alfombras de relva virente e flores odorosas. Pouco expansiva, sempre em tímido recato, vivia só, afastada dos grupos de consortes de infortúnio, e quase não conversava com as companheiras de trabalho, cumprindo, com inalterável calma, a sua tarefa diária, que excedia à vulgar, para fazer jus a dobrada ração.
– É de uma soberbia desmarcada – diziam as moças da mesma idade, na grande maioria desenvoltas ou deprimidas e infamadas pela miséria.
– A modos que despreza de falar com a gente, como se fosse uma senhora dona – murmuravam os rapazes remordidos pelo despeito da invencível recusa, impassível às suas insinuações galantes.
– Aquilo nem parece mulher fêmea – observava uma velha, alcoveta e curandeira de profissão. Reparem que ela tem cabelos nos braços e um buço que parece bigode de homem...
– Qual, tia Catirina! O Lixande que o diga! – mandou uma cabocla roliça e bronzeada, de dentes de piranha, toda adornada de joias de pechisbeque e fios de miçanga, muito besuntada de óleos cheirosos.
– Não diga isso que é uma blasfêmia – atalhou Teresinha loura, delgada e grácil, de olhar petulante e irônico, toda ela requebrada em movimentos suaves de gata amorosa.
– Por ela eu puno; meto a mão no fogo...
– Havia de sair torrada. Isso de mulher, hoje em dia, é mesmo uma desgraceira...
– Mas você não pode negar que ela viva no seu canto sossegada sem se importar com a vida dos outros e fazendo pela sua, como uma moira de trabalho. Vocês, suas invejosas, não a poupam; não tendo para dizer dela um tico assim, vivem a maldar, a inventar intrigas e suspeitas. Nem que ela fosse uma despencada do mundo...
(Domingos Olímpio. Luzia-Homem.)
UNIRG 2022.2 - QUESTÃO 10
No texto, a personagem que diz pôr a mão no fogo por outra – no caso, a Luzia-Homem – foi
(A) a cabocla roliça e bronzeada.
(B) a tia Catirina.
(C) a Teresinha loura.
(D) um dos rapazes desprezados.
QUESTÃO ANTERIOR:
GABARITO:
(C) a Teresinha loura.
RESOLUÇÃO:
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