Em “vale notar que ela conseguiu postar essa frase no Facebook”, há um sujeito oracional que equivale a
Leia o texto abaixo e responda às questões 01 e 02.
A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA, A GENTE QUER POSTAR E GANHAR LIKE (Gregório Duvivier)
Viva a internet. Antigamente, era preciso berrar, de preferência de cima de um montinho, aquilo que você queria tornar público. Se fosse um sermão, era preciso descolar uma montanha. Ainda assim, não se conseguia angariar muita gente. Jesus, por exemplo, foi o “influencer” mais popular da era pré-digital e só conseguiu juntar onze seguidores em vida. Parece que tinha um 12º, mas deu unfollow.
A internet operou uma revolução. Qualquer um consegue atingir o mundo inteiro. “Quantos talentos desconhecidos vão surgir!”, pensou-se. “Quanta ciência! Quanta poesia!” Ledo engano.
“Desde que meu bebê nasceu não consegui tempo pra fazer cocô!”, postou hoje de manhã a mãe de um recém-nascido. “Sem tempo pra nada!” Embora não tenha conseguido tempo pra fazer cocô, vale notar que ela conseguiu postar essa frase no Facebook e, em seguida, responder aos comentários, o que deixa muito claro quais são as prioridades da minha geração.
Sim, faço parte dela, e minhas redes sociais não me deixam negar. Acabei de postar no Instagram um pedaço do meu sapato pisando um azulejo com a legenda “o chão que eu piso”. O que eu quero dizer com essa estupidez? Menor ideia. Mas acho que tem menos a ver com o que a gente quer dizer e mais com o que a gente quer sentir.
Alguma coisa acontece no meu coração cada vez que eu recebo um like. Há quem chame essa coisa de dopamina, o hormônio da recompensa. Antes do advento do like, a gente recebia raras recompensas. Era preciso tirar uma nota dez, fazer um golaço, ganhar uma promoção, enfim, era preciso fazer alguma coisa que prestasse. E eis que o demônio inventou o like – a dopamina ao alcance dos dedos. Basta um clique.
Todo mundo virou junkie. O like é a nova heroína. Olha pro seu lado. Um pai posta que ama passar tempo com o filho enquanto o bebê torra ao sol, desesperado. Um espectador posta que tá amando ver o show de rock que ele não vê, um insone posta que não tá conseguindo dormir sem perceber que não dá pra postar e dormir ao mesmo tempo. Não importa. Entre dormir e colher like, ele prefere o like. Tudo, Simba, tudo o que o sol toca – a comida, o drinque, o cachorro, o filho, o chão, o teto -, tudo passou a ser visto como fonte indireta de dopamina.
Nesses momentos é bom lembrar da frase do cacique Seattle: “Quando a última árvore tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que não dava pra comer like.”
(In: DUVIVIER, Gregório; RIBEIRO, Maria; SÁ, Xico.
Crônicas para ler em qualquer lugar. São Paulo: Todavia, 2019).
UNIRV 2021 - QUESTÃO 02
Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as alternativas de acordo com o texto:
a) ( ) Em “vale notar que ela conseguiu postar essa frase no Facebook”, há um sujeito oracional que equivale a uma oração subordinada substantiva subjetiva.
b) ( ) O autor ironicamente critica as pessoas de sua geração por darem prioridade à aprovação que recebem nas redes sociais por meio de “likes”, em postagens que não têm a menor relevância.
c) ( ) O autor revela capacidade de autocrítica quando reconhece que sua postagem no Instagram foi uma estupidez.
d) ( ) O autor sugere que sua geração está mais preocupada com o que tem a dizer do que com o que almeja sentir.
QUESTÃO ANTERIOR:
- Viva a internet. Antigamente, era preciso berrar, de preferência de cima de um montinho, aquilo que
GABARITO:
A) V
B) V
C) V
D) F
RESOLUÇÃO:
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PRÓXIMA QUESTÃO:
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