Os textos 1, 2 e 3 tematizam o processo de formação étnica do Brasil, abordando, de forma positiva, o encontro
Considere a imagem e os textos 1, 2 e 3 para responder às questões de 11 a 13.
Pano de boca para a noite de gala no teatro da corte por ocasião do
coroamento de D. Pedro I. Jean-Baptiste Debret, 1822, litografia.
Disponível em: docplayer.com.br/docs-images/93/11798360/
images/115-0.jpg. Acesso em: 30 maio 2022.
Texto 1
Todo brasileiro, mesmo alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo [...] a sombra, ou pelo menos a pinga, do indígena ou do negro. No litoral, do Maranhão ao Rio Grande do Sul, e em Minas Gerais, principalmente do negro. A influência direta, ou vaga e remota, do africano.
Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava ou sinhama que nos embalou, que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa.
Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama de vento, a primeira sensação completa de homem. Do moleque que foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. 51. ed.
São Paulo: Global, 2003. p. 367.
Texto 2
Casa-grande & senzala
Casa-grande & senzala,
Grande livro que fala
Desta nossa leseira
Brasileira.
Mas com aquele forte
Cheiro e sabor do Norte
- Dos engenhos de cana
(Massangana!)
Com fuxicos danados
E chamegos safados
De mulecas fulôs
Com sinhôs.
A mania ariana
Do Oliveira Viana
Leva aqui a sua lambada
Bem puxada.
Se nos brasis abunda
Jenipapo na bunda,
Se somos todos
Octoruns,
Que importa? É lá desgraça?
Essa história de raça,
Raças más, raças boas
- Diz o Boas -
É coisa que passou
Com o franciú Gobineau
Pois o mal do mestiço
Não está nisso.
Está em causas sociais.
De higiene e outras que tais:
Assim pensa, assim fala:
Casa-grande & senzala.
Livro que à ciência alia
A profunda poesia
Que o passado revoca
E nos toca.
A alma de brasileiro,
Que o portuga femeeiro
Fez e o mau fado quis
Infeliz!
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira.
34. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. p. 308.
Texto 3
Brasil
O Zé Pereira chegou de caravela
E perguntou pro guarani da mata virgem
- Sois cristão?
- Não. Sou bravo, sou forte sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! Uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
- Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
ANDRADE, Oswald de. Primeiro caderno do aluno de poesia
de Oswald de Andrade. 4. ed. São Paulo: Globo, 2005. p. 41.
UEG 2022 - QUESTÃO 13
Os textos 1, 2 e 3 tematizam o processo de formação étnica do Brasil, abordando, de forma positiva, o encontro e a mistura do colonizador com os colonizados. Esses textos, em especial o texto de Gilberto Freyre, são considerados peças importantes para a construção do mito da democracia racial brasileira. Estão presentes nos textos os seguintes elementos, entre outros, que dão sustentação a esse mito: [i] discurso da miscigenação como grande virtude da sociedade brasileira; [ii] discurso da romantização do estupro sofrido por mulheres negras; [iii] discurso da alegria e festividade do povo brasileiro. Quais trechos dos textos apresentam, segundo a ordem, esses três discursos?
a) [i] “Todo brasileiro [...] traz na alma, quando não na alma e no corpo [...] a sombra, ou pelo menos a pinga, do indígena ou do negro”; [ii] “Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama de vento, a primeira sensação completa de homem”; [iii] “Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!/ E fizeram o carnaval”.
b) [i] “O negro zonzo saído da fornalha/ Tomou a palavra e respondeu/ - Sim pela graça de Deus”; [ii] “Da escrava ou sinhama que nos embalou, que nos deu de mamar”; [iii] “Livro que à ciência alia/ A profunda poesia/ Que o passado revoca/ E nos toca”.
c) [i] “Mas com aquele forte/ Cheiro e sabor do Norte/ - Dos engenhos de cana/ (Massangana!)”; [ii] “Com fuxicos danados/ E chamegos safados/ De mulecas fulôs/ Com sinhôs”; [iii] “A mania ariana/ Do Oliveira Viana/ Leva aqui a sua lambada/ Bem puxada”.
d) [i] “Casa-grande & senzala,/ Grande livro que fala/ Desta nossa leseira/ Brasileira”; [ii] “Do moleque que foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo”; [iii] “Está em causas sociais./ De higiene e outras que tais:/ Assim pensa, assim fala:/ Casa-grande & senzala”.
e) [i] “em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra”; [ii] “Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado”; [iii] O Zé Pereira chegou de caravela/ E perguntou pro guarani da mata virgem/ - Sois cristão?”.
QUESTÃO ANTERIOR:
GABARITO:
d) [i] “Casa-grande & senzala,/ Grande livro que fala/ Desta nossa leseira/ Brasileira”; [ii] “Do moleque que foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo”; [iii] “Está em causas sociais./ De higiene e outras que tais:/ Assim pensa, assim fala:/ Casa-grande & senzala”.
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