Passemos, agora, porém, a um ponto bem diferente, de considerável relevância contemporânea. Apelar para o que
UENP 2022 - QUESTÃO 12
“Passemos, agora, porém, a um ponto bem diferente, de considerável relevância contemporânea. Apelar para o que dizemos e não dizemos ou para o que podemos e não podemos dizer é algo que encontra, muitas vezes, sólidas resistências por parte dos defensores de uma doutrina específica, sendo, ao mesmo tempo, solidamente defendido pelos que a ela se opõem. A doutrina é aquela segundo a qual as disputas filosóficas podem e devem ser resolvidas mediante a formalização das teses em conflito. Uma teoria é formalizada quando ela é traduzida da linguagem natural (não técnica, técnica ou semitécnica), na qual a teoria foi originalmente concebida, para uma notação construída deliberadamente [...]. Pretende-se que a lógica de uma determinada posição teórica pode ser regularizada quando os seus conceitos não formais são introduzidos entre as constantes lógicas neutras quanto ao tópico (topic-neutral) cuja conduta em inferências é regulada por sulcos fixos. A formalização substituiria, então, as perplexidades lógicas por problemas lógicos redutíveis a procedimentos de cálculo conhecidos e capazes de ser ensinados.”
(RYLE, Gilbert. “Linguagem ordinária”. In Os Pensadores –
Ryle, Strawson, Austin, Quine. São Paulo: Abril Cultural, 1985, p. 50).
Ryle imediatamente se opõe à formalização como solução adequada para os problemas filosóficos, advogando em favor do retorno ao exame das expressões como ordinariamente as utilizamos. A pretensão não é, certamente, vulgarizar a filosofia, mas aproximá-la do mundo vital em que as expressões ganham sentido, mostrando, inclusive, que erros categoriais sabotam os esforços, mesmo dos mais afamados teóricos. Um exemplo é a suposição errônea de que a Universidade é algo em si distinto do modo de funcionamento de seus edifícios, laboratórios, procedimentos técnicos e pedagógicos; com isso, fica-se à procura de uma entidade que correspondesse ao substantivo, quando ele aponta não para um “o que”, mas para um “como”. Com base nisso e em seus conhecimentos sobre a história da filosofia, indique a alternativa CORRETA com relação ao ponto de vista de Ryle:
A. A filosofia de índole dogmática sempre se prendeu ao exame da linguagem ordinária.
B. A formalização não pode sanar os erros categoriais que a linguagem ordinária produz, mesmo os que produz em seus usos técnicos.
C. A filosofia da linguagem procura dizer o que são, categorialmente, as entidades indicadas pelos sujeitos das proposições e delimitadas pelo teor dos predicados.
D. Em última instância, a filosofia depende da formalização da linguagem ordinária para evitar erros categoriais.
E. A filosofia de Gilbert Ryle é, em termos metafísicos, idealismo de índole platônica.
QUESTÃO ANTERIOR:
GABARITO:
B. A formalização não pode sanar os erros categoriais que a linguagem ordinária produz, mesmo os que produz em seus usos técnicos.
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