Desde o início do século XX, o ensino médico ocidental tem sido fortemente influenciado pelas ideias do educador
TEXTO PARA AS QUESTÕES 01 E 02.
Desde o início do século XX, o ensino médico ocidental tem sido fortemente influenciado pelas ideias do educador norte-americano Abraham Flexner, que introduziu importantes conceitos sobre o processo de formação médica por meio de relatório, publicado em 1910, acerca do panorama das escolas de Medicina dos Estados Unidos e do Canadá. Sob o termo “Paradigma Flexneriano”, os preceitos do relatório adquiriram notoriedade no meio acadêmico-científico nas décadas subsequentes à publicação, pautando os modelos educacionais em diversos países das Américas e da Europa.
Dentre as principais recomendações, o Relatório Flexner propunha a organização rígida da grade curricular dos cursos médicos, abrangendo disciplinas básicas e clínicas, as quais deveriam ser distribuídas em três ciclos educacionais: básico, clínico e profissionalizante.
Ademais, as diretrizes Flexnerianas preconizavam a adoção de critérios rígidos para ingresso nas faculdades médicas, a dedicação integral dos docentes ao ensino e à pesquisa, e o maior vínculo entre as universidades e os hospitais.
O “Paradigma Flexneriano” — ou modelo biomédico — ofereceu relevantes contribuições para a qualificação e a padronização dos cursos de medicina, assim como para o desenvolvimento do conhecimento científico, contribuindo para o controle de doenças infecciosas e aumento da expectativa de vida.
Contudo, as transformações sociais e tecnológicas ocorridas nas últimas décadas despertaram debates e críticas ao modelo de ensino biomédico no meio acadêmico, relacionadas principalmente às visões cartesiana e biologicista do processo saúde-doença.
Por essa perspectiva, o “Paradigma Flexneriano” conceberia o corpo humano a partir de uma concepção mecanicista e reducionista, considerando-o um conjunto de “partes” interconectadas — como peças de uma máquina, que necessitam de avaliações regulares por especialistas.
Desse modo, tal pensamento favoreceria a racionalidade tecnocientífica em detrimento da visão holística do ser humano, valorizando o cenário hospitalar e a “hiperespecialização” médica.
Convergindo com as reflexões acerca do ensino médico, diversas iniciativas de renovação curricular têm emergido nos últimos anos, propondo o abandono de saberes dicotômicos — teoria e prática, mente e corpo, objetivo e subjetivo — em direção a abordagens multissistêmicas e integrativas, visando a construção de intersecções epistemológicas.
Iago Gonçalves Ferreira. Rev Med (São Paulo). 2021. nov.-dez.;100(6):619-22. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/183603/179519.
Adaptado.
USP 2023 - QUESTÃO 01
Infere-se do texto que as críticas ao Paradigma Flexneriano
(A) enfatizam a visão do bem-estar psíquico como independente do bem-estar físico.
(B) advêm da percepção de que a saúde humana deve ser compreendida como um sistema integrado.
(C) sugerem a inter-relação entre as pesquisas universitárias e o dia a dia dos hospitais.
(D) reivindicam condições propícias para a investigação diagnóstica no processo de adoecimento.
(E) ponderam que a busca pela saúde humana prescinde da integração entre teoria e prática.
GABARITO:
(B) advêm da percepção de que a saúde humana deve ser compreendida como um sistema integrado.
RESOLUÇÃO:
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