No quarto parágrafo, a forma de ação dos grupos de milicianos e traficantes é apontado como economia ilegal
Narcotráfico e milícias
Se pensarmos a experiência do Rio de Janeiro, uma das características mais instigantes da sociabilidade carioca contemporânea está nos efeitos da criminalidade e da violência na organização e segmentação do espaço da cidade. Parte considerável da vida urbana é controlada por grupos armados que detêm domínio territorial de difícil erradicação.
O tema das relações – de oposição, cooperação e complementaridade – entre narcotráfico e milícias, tão evidente nas representações que fazemos da cidade, mais do que revelar os termos de uma ‘guerra’, indica a presença de um padrão de controle territorial fundado no uso da violência e do terror.
Traficantes e milicianos são modalidades de uma forma sociológica comum: grupos armados com domínio territorial. Domínio associado ao controle de uma atividade econômica com diversos ‘ramos’: drogas, serviços de segurança, transporte coletivo, gás em bujões, televisão a cabo etc.
O produto agregado desse ‘quarto setor’ – o da economia ilegal – não é desprezível, em seu volume de riqueza e em sua capacidade de incorporar ‘trabalhadores’. É o que atestam as legiões de jovens que compõem o exército de reserva do tráfico e a ‘imparável’ fonte de milicianos, advindos das supostas forças da ordem (polícias e corpo de bombeiros).
O cenário sociológico dessa ocupação territorial, para além da criminalidade, pode bem ser revelado por expressão cunhada pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) e em boa hora exumada pelo francês, também sociólogo, Loic Wacquant, a de ‘capitalismo de pilhagem’. São dinâmicas capitalistas à margem da lei, o que não as impede de contar com representantes, ou ao menos simpatizantes, nas esferas legais, inclusive da política e nas instituições.
O domínio territorial exercido por esses grupos transforma vastos espaços da cidade em campos de pilhagem e predação. Implica desafio ao Estado, supostamente o detentor do monopólio do uso legítimo da força, e ainda inscreve no horizonte de possibilidades da cidade uma imagem apocalíptica, a da territorialidade rígida e segmentada, controlada pelos detentores do monopólio do uso de fato da força, sobre cada uma das parcelas da vida urbana sob seu império.
Mais do que uma questão de segurança pública, a desarticulação dos grupos armados é uma exigência para a viabilidade da cidade democrática.
LESSA, Renato. Crime, violência e territorialidade. Ciência Hoje, ed. 288, jul. 2009.
Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/ revista-ch/revista-ch-2009/261/crime-violencia-e-territorialidade.
UNISC 2023 - QUESTÃO 03
No quarto parágrafo, a forma de ação dos grupos de milicianos e traficantes é apontado como economia ilegal, constituindo o que o autor designa como quarto setor. Quanto ao uso de alguns recursos formais linguísticos e semânticos no quarto e quinto parágrafos, podemos dizer que
( ) “seu” e “sua”, na segunda linha do quarto parágrafo, remetem a “produto agregado”.
( ) “o”, na segunda linha do quarto parágrafo, refere-se ao conjunto de ideias que constituem o enunciado anterior.
( ) no quarto parágrafo, a imparável fonte de novos milicianos é constituída pelas forças da ordem, legalmente instituídas, que se corrompem pelo mundo do crime.
( ) “em boa hora exumada”, no quinto parágrafo, poderia ser substituído, sem prejuízo ao sentido, por “em boa hora profanado”.
A sequência correta de preenchimento dosparênteses, de cima para baixo, é
a) V– V– V– V
b) V– V– V– F
c) V– V– F – F
d) V– V– F – V
e) V– F – V– V
QUESTÃO ANTERIOR:
GABARITO:
b) V– V– V– F
RESOLUÇÃO:
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