Não. Do seu direito à coexistência com as outras espécies animais o que lhe advém é, antes, responsabilidade
Texto 4
AMOR AOS BICHOS
De tão amigo dos animais, o poeta Carlos Drummond de Andrade foi entrevistado por uma… cadela
O poeta Carlos Drummond de Andrade era defensor dos animais. Ele teve um cachorro chamado Puck e um gato chamado Inácio. Em 4 de outubro de 1970 – dia de São Francisco de Assis, padroeiro dos animais –, com a amiga Lya Cavalcanti, também adepta da causa, criou um veículo em defesa da bicharada, batizado de “A Voz dos que Não Falam”. Uma das curiosidades de “A Voz” é uma “entrevista” dada por Drummond ao jornalzinho, em 1973. Quer dizer, não era bem uma entrevista de verdade, porque a entrevistadora era uma cadelinha chamada Suzy. Leia abaixo.
Que acha da campanha que andam movendo contra nós?
Em primeiro lugar, acho uma campanha com certa dose de covardia: o homem é infinitamente mais poderoso do que vocês. Em segundo lugar, acho injusta, porque vocês não podem ser culpados do mal que eventualmente façam ao homem, uma vez que este lhes nega a racionalidade. Em terceiro lugar chega, né?
Acha que o homem tem direito à exclusividade neste planeta?
Não. Do seu direito à coexistência com as outras espécies animais o que lhe advém é, antes, responsabilidade pela sorte dos mais fracos e menos evoluídos. Que entende você por mundo cão? Entendo um mundo tornado cruel pelo homem e não pelos outros seres vivos.
Se você não fosse homem, que bicho gostaria de ser?
Eu não gostaria de ser bicho e ter de defender-me da agressividade dos não-bichos.
Acha que o homem merece o amor que lhe dedicamos?
Muitos merecem, justiça seja feita. Porém um número ainda maior é indiferente ou hostil a vocês. Quando o homem não merece amor, o melhor é ficar à maior distância possível deles, e cada bicho consolar-se com o seu semelhante.
O que poderemos fazer para que o homem retribua melhor o nosso amor?
Acho que não há receitas para a retribuição de amor. Quem é capaz de amar, quem nasceu para amar, não espera ser amado para começar a amar: dá logo uma de amoroso. A iniciativa não pode partir de vocês.
Gostamos muito da sua poesia, achamos você um sujeito muito bacana e muito compreensivo, e por isso gostaríamos de nomeá-lo nosso filósofo oficial. Você aceita?
Obrigado. Mas o melhor é vocês dispensarem a filosofia e continuarem simplesmente integrados na natureza – coisas que nós, supostamente superiores, raramente sabemos fazer.
Disponível em: http://arte.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/
drummond/amor-aos-bichos/ Acesso em: 15 ago. 2022. Adaptado.
UPE 2023 - QUESTÃO 17
Releia:
Acha que o homem tem direito à exclusividade neste planeta?
Não. Do seu direito à coexistência com as outras espécies animais o que lhe advém é, antes, responsabilidade pela sorte dos mais fracos e menos evoluídos. Que entende você por mundo cão? Entendo um mundo tornado cruel pelo homem e não pelos outros seres vivos.
Acerca desse trecho da entrevista, assinale a alternativa CORRETA.
a) No texto, as palavras “exclusividade” e “coexistência” adquirem sentidos que são idênticos.
b) Em “responsabilidade pela sorte dos mais fracos”, “sorte” significa o mesmo que “felicidade”, um acontecimento feliz.
c) Para o poeta, o fato de o homem partilhar o planeta com animais mais fracos gera uma consequência: a responsabilidade do homem pelos animais.
d) Para Drummond, na expressão “mundo cão”, a palavra cão serve para caracterizar o mundo como um espaço de crueldades entre os animais.
e) O poeta atribui a todos os animais, como seres vivos, a mesma responsabilidade com o planeta.
QUESTÃO ANTERIOR:
GABARITO:
c) Para o poeta, o fato de o homem partilhar o planeta com animais mais fracos gera uma consequência: a responsabilidade do homem pelos animais.
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