Não podemos escapar aos mitos. O nosso problema consiste em reconhecer, nos mitos, a realidade deles
ENADE 2015 - QUESTÃO 25
Texto 1
Não podemos escapar aos mitos. O nosso problema consiste em reconhecer, nos mitos, a realidade deles, e não reconhecer a verdade. Consiste em não colocar neles o absoluto, em ver a força de ilusão que eles segregam. Não podemos escapar aos mitos, mas nós podemos reconhecer a sua natureza de mito e manter contato com eles, ao mesmo tempo, de dentro e de fora. Sei que não existe um ponto de vista depurado de todo mito ou crença. O ateu deve descobrir sua crença, seu fundamento irracionalizável, e relacionar-se com ela. Assim, nós, neoateus, podemos pedir aos crentes que se tornem neocrentes, isto é, que estabeleçam uma nova relação com seu(s) Deus(es).
MORIN, E. Para Sair do Século XX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986 (adaptado).
Texto 2
Uma fé que entende seus símbolos literalmente é idolatria.
TILLICH, P. Dinâmica da Fé. São Leopoldo: Sinodal, 1985 (adaptado).
Texto 3
Se vires o Buda, mata-o.
BORGES, P. *Se vires o Buda, mata-o": ensaio sobre a essência do
Budismo. Revista Portuguesa da História, n. 40, 2009.
Considerando a relação entre os três textos, no que se refere à consciência crítica a respeito da “transcendência”, avalie as afirmações a seguir.
I. A fórmula tradicional zen-budista coincide com a proposição tillichiana de que a positivação acrítica dos conteúdos doutrinários, sem a consideração de sua condição mítico-simbólica, constituiria idolatria: o Buda “encontrado” corresponderia, portanto, à doutrina teológica tratada como não simbólica.
II. Nos termos da declaração de Edgar Morin, seria possível dizer que aquele que reconhece que o conteúdo da fé possui caráter simbólico, logo, histórico-cultural, já compreendeu o estatuto epistemológico dos conteúdos teológicos e, nesse sentido, deu um passo “moriniano” na direção de “uma nova relação com seu(s) Deus(es)”.
III. “Matar o Buda” não significa apostatar da fé em Buda. Pelo contrário, significa preservar o Buda da contaminação idolátrica. Nesse sentido, o Buda está sempre além. Nunca é posse positiva da fé, mas sempre anseio psicológico daquele que nele é crente. O modelo constitui um adequado exemplo da proposta de Morin.
IV. A “nova relação” do crente com seu(s) Deus(es) consiste no reconhecimento de que, em termos antropológicos, a fé desdobra-se sobre conteúdo mítico, que, se não se pode dele fugir, se pode tratar como o que é. Nesse sentido, o crente não abriria mão da fé, mas da sua relação acrítica com seus conteúdos.
V. As declarações são irreconciliáveis, porque, dada a discrepância de pressupostos, o pensamento crítico de um necateu não encontra condições epistemológicas para diálogo com teólogos e tradições teológicas, de sorte que uma “nova relação com seu(s) Deus(es)” constituiria, no fundo, uma proposta de neo-apostasia.
É correto apenas o qe se afirma em
A) I e III.
B) I, II e V.
C) II, IV e V.
D) III, IV e V.
E) I, II, III e IV.
QUESTÃO ANTERIOR:
GABARITO:
E) I, II, III e IV.
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