ENADE: Leia o texto a seguir, que trata do ensino de Química nas escolas
ENADE: Leia o texto a seguir, que trata do ensino de Química nas escolas.
A repetição acrítica de fórmulas didáticas, que dão resultado, acaba por criar uma química escolar que se distancia cada vez mais da ciência química e de suas aplicações na sociedade. Essa química escolar se alimenta principalmente da tradição, o que explica, por exemplo, que se encontrem conceitos e sistemas de classificação semelhantes em livros de 1830 e nos atuais. Um exemplo é a classificação das reações (ou equações?) químicas em dupla troca, simples troca ou deslocamento, etc. Esse sistema se baseia no dualismo eletroquímico de Berzelius (1812), que propunha que as substâncias resultavam da combinação entre pares de espécies em que uma é eletricamente positiva e a outra, negativa. As reações de dupla troca (AB + CD = AD + CB) e de deslocamento (AB + C = CB + A) ocorreriam porque um radical mais eletropositivo deslocaria o radical menos eletropositivo. Já a partir da teoria de dissociação eletroquímica de Arrhenius (1883), as reações em meio aquoso não poderiam mais ser pensadas como dupla troca ou deslocamento, já que todas as espécies em solução estariam dissociadas...
MACHADO, A. H. et al., Pressupostos Gerais e Objetivos da Proposta Curricular de Química.
Belo Horizonte: Secretaria da Educação do Estado de Minas Gerais, p. 10 – 11.
Considerando a concepção de ensino subjacente neste texto, apresente:
a) uma justificativa de natureza pedagógica para não introduzir a classificação de reações em simples troca / dupla troca no ensino de química.
b) uma justificativa de natureza científica, com base na teoria de Arrhenius, para não introduzir a classificação de reações em simples troca / dupla troca no ensino de química.
c) uma atividade prática, fundamentada no conceito de condutividade elétrica de soluções, que permita a um aluno do ensino médio justificar, sem recorrer a “trocas” ou “deslocamentos”, a transformação que ocorre quando se misturam soluções aquosas de Pb(NO3 ) 2 e KI.
QUESTÃO ANTERIOR:
PADRÃO DE RESPOSTA:
a) A classificação de reações em termos de “trocas” pode conduzir os alunos a uma concepção alternativa de que qualquer transformação química é possível, bastando, por exemplo, no caso de reações de dupla troca, trocar o cátion de uma substância pelo cátion da outra, sem levar em consideração a natureza dos produtos formados. Alguns exemplos de “trocas” que não ocorrem espontaneamente: ácido fraco e volátil + sal → ácido forte e fixo + sal + base fraca + sal → base forte + outro sal + sal + água → ácido forte + base forte “deslocamentos” que não levam em consideração os potenciais-padrão de redução das substâncias envolvidas.
b) Considerando que, de acordo com a teoria da dissociação de Arrhenius, determinadas espécies iônicas encontram-se dissociadas, as reações químicas não ocorreriam devido a “trocas”, mas devido à interação dos íons em solução, que conduzem à formação de espécies associadas (como ácidos fracos, sais pouco solúveis, etc.). Isso fica claro quando se escrevem as equações iônicas, em que existem os chamados “íons espectadores”, que em geral não são representados. No caso dos “deslocamentos”, é preciso também levar em consideração os potenciais-padrão de redução das espécies químicas envolvidas.
c) Pode-se medir a condutividade elétrica de duas soluções, uma de Pb(NO3)2 e outra de KI. Ao se misturar, aos poucos, uma sobre a outra, observa-se a precipitação do PbI2 pouco solúvel, e a diminuição da condutividade elétrica da solução. Isto sugere que os sais, inicialmente, estavam dissociados (pois as soluções eram mais condutoras que a água destilada) e a condutividade diminui devido à formação do precipitado.
PRÓXIMA QUESTÃO:
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