Nem bem teve seis anos deram água num chocalho pra ele e Macunaíma principiou falando como
Mário de Andrade (1883-1945), paulistano apaixonado por sua cidade, destaca-se na primeira geração modernista no Brasil e como um dos principais organizadores da Semana de Arte Moderna. Escreveu, entre outras obras, Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, na qual une em um mesmo plano o real e o fantástico.
Leia o trecho do Cap. 1 para responder às questões 01 e 02.
Capítulo I
[...]
Nem bem teve seis anos deram água num chocalho pra ele e Macunaíma principiou falando como todos. E pediu pra mãe que largasse da mandioca ralando na cevadeira e levasse ele passear no mato. A mãe não quis porque não podia largar da mandioca não. Macunaíma choramingou dia inteiro. De-noite continuou chorando. No outro dia esperou com o olho esquerdo dormindo que a mãe principiasse o trabalho. Então pediu pra ela que largasse de tecer o paneiro de guarumá-membeca e levasse ele no mato passear. A mãe não quis porque não podia largar o paneiro não. E pediu pra nora, companheira de Jiguê, que levasse o menino. A companheira de Jiguê era bem moça e chamava Sofará. Foi se aproximando ressabiada porém desta vez Macunaíma ficou muito quieto sem botar a mão na graça de ninguém. A moça carregou o piá nas costas e foi até o pé de aninga na beira do rio. A água parara pra inventar um ponteio de gozo nas folhas do javari. O longe estava bonito com muitos biguás e biguatingas avoando na estrada do furo. A moça botou Macunaíma na praia porém ele principiou choramingando, que tinha muita formiga!... e pediu pra Sofará que o levasse até o derrame do morro lá dentro do mato. A moça fez. Mas assim que deitou o curumim nas tiriricas, tajás e trapoerabas da serrapilheira, ele botou corpo num átimo e ficou um príncipe lindo. Andaram por lá muito.
[...]
Andrade, M. Macunaíma. São Paulo: Ótima, 2015.
UEMA 2021 - QUESTÃO 01
A obra Macunaíma apresenta uma exploração criativa da linguagem, em nível oral e popular, que se distancia da linguagem padrão. No trecho acima, essa subversão linguística é marcada pelo(a)
a) excesso de ênfase: “A água parara pra inventar um ponteio de gozo nas folhas do javari.”
b) presença de termos míticos: “A mãe não quis porque não podia largar o paneiro não.”
c) duplicação de morfemas para criar palavras: “A moça botou Macunaíma na praia porém ele principiou choramingando, que tinha muita formiga!...”.
d) emprego de expressões escatológicas: “A moça carregou o piá nas costas e foi até o pé de aninga na beira do rio.”
e) ausência de termo relacional: “Então pediu pra ela que largasse de tecer o paneiro de guarumá-membeca e levasse ele no mato passear”.
QUESTÃO ANTERIOR:
GABARITO:
e) ausência de termo relacional: “Então pediu pra ela que largasse de tecer o paneiro de guarumá-membeca e levasse ele no mato passear”.
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